UNIGUAÇU – UNIÃO DE
ENSINO SUPERIOR DO IGUAÇU LTDA.
FAESI – FACULDADE DE
ENSINO SUPERIOR DE SÃO MIGUEL DO IGUAÇU
ISE – INSTITUTO
SUPERIOR DE EDUCAÇÃO
CURSO DE GEOGRAFIA
OITAVO PERÍODO
História moderna e
contemporânea
RESENHA
SOBRE O PRIMEIRO CAPÍTULO DA OBRA “ECOS DA MARSELHESA. DOIS SÉCULOS REVÊEM A
REVOLUÇÃO FRANCESA” DE ERIC HOBSBAWM.
ANDERSON
JOSÉ BENDER
Trabalho de graduação
apresentado à disciplina de História moderna e contemporânea da Faculdade de
Ensino Superior de São Miguel do Iguaçu, sob orientação do Professor Rodrigo
Piovesana.
SÃO MIGUEL DO
IGUAÇU
2013
CAPÍTULO I – UMA REVOLUÇÃO DE CLASSE
MÉDIA (páginas 17 a 46).
O
autor da obra busca inspirações para refletir e escrever o livro trabalhando todo
um contexto histórico da Revolução Francesa, argumentando que de 1789 à época
do livro em 1989 teve-se um excelente material de pesquisa e produção, ou seja,
uma bibliografia extensa rica em informações. Com isso, entende-se, que a
Revolução Francesa foi fundamental, deixando em suas heranças, as marcas na
história contemporânea, sendo a base no cenário da literatura dos romancistas.
De
acordo com o autor, a revolução francesa passou a ser interpretada de várias
maneiras, muitas vezes por razões políticas e ideológicas. Entretanto, com todas
as variações de interpretação, duas coisas sempre são vistas em comum como que,
“havia uma crise na velha monarquia que, em 1788, levou os Estados Gerais que
eram representados pelo CLERO, NOBREZA e o “RESTO”, a serem convocados pela
primeira vez desde 1614 a uma assembleia”.
A
partir desse ponto, não se obteve mais acordo e, houve a transformação da
assembleia constituinte que revolucionou o país.
Outro
ponto visto em comum nas várias interpretações são os “fatos da dupla
radicalização da Revolução depois de 1791 que levou a guerra no ano seguinte,
entre França revolucionária e a coalizão de potências estrangeiras”.
Outro
marco conhecido mundialmente relacionado à Revolução Francesa foi o período da
revolução Jacobina de 1792 a 1794 que ficou conhecida como o “Terror” que se
estendeu de 1793 até 1974.
Após
essa etapa, a Revolução Francesa teve outros pontos de destaque como o Dezoito
Brumário de 1799. Este surgiu depois dos cinco anos de respaldo político. Foi nessa
época que surge a figura de Napoleão Bonaparte. A partir desse ponto, segundo Hobsbawm
(1996) muitos historiadores dão por fim a Revolução Francesa. Entretanto, esse
acontecimento ainda se estendeu por mais algum tempo pelo menos até que
Napoleão se declarou imperador em 1804.
A
Revolução Francesa ao longo dos anos se apresenta de inúmeras maneiras. Para
uns, representa apenas um episódio na história, para outros, foi um importante
acontecimento desde a queda do Império Romano. Mas, o que se entende é que na
verdade, a Revolução Francesa foi um ato que mudou o continente onde surgiu.
Mas a Revolução
Francesa “abruptamente e com força irresistível, convulsionou o continente onde
nasceu. Também lançou seus raios em outros continentes. Desde que surgiu, tem
sido virtualmente o único objeto a ser considerado na cena da história
mundial”. HOBSBAWM (1996, p. 20).
A
Revolução Francesa também trouxe, todo um contexto de heróis e vilões se
tornando um espetáculo para a história, sendo explorada com ideologia política
nos século XIX e XX.
Na
visão do autor, mesmo havendo tantos argumentos, a Revolução Francesa se resume
em uma revolução necessária para o desenvolvimento histórico e para a
transferência de poder de uma classe para a outra.
A
partir do momento em que o autor analisa o posto dos burgueses frente à
conquista que tiveram, nota-se que os mesmos não queriam o poder para comandar
o Estado e sim, para reformar as instituições do reino. Isso se explica porque
o terceiro estado (o povão) estava cansado de ser manipulado e explorado pelos
nobres que eram a minoria.
Após
a Revolução, o poder popular não durou até porque, o objetivo já havia sido
conquistado e a velha sociedade já se encontrava destruída dando lugar ao
império.
Outro
ponto importante da Revolução Francesa foi que, quem antes estava em condições
baixas de pobreza se sobressaiu e fez com que séculos mais tarde os
descendentes da classe do terceiro estado possuíam grandes formações e cargos importantes
perante a sociedade como aponta Hobsbawm (1996, p. 32) quando fala que “essa classe incluía advogados, médicos, pessoas letradas
de todos os tipos e todos os magistrados locais: A burguesia tomou forma ao
longo do tempo e foi formada por elementos variados”.
Após
esse período de turbulências, a Revolução Francesa passou a ser alvo de
críticos e estes, passaram a buscar teorias que justificassem a revolução. Tais
críticas surgem, pois, até mesmo os membros do terceiro estado (o povão) se
surpreenderam com a Revolução e com a conquista obtida. Claro que os que se
surpreenderam, eram os mais “privilegiados”. Dessa maneira, muitos alegaram que
a Revolução Francesa foi algo “desnecessário” e que a evolução pós-revolução
seria algo natural e teria acontecido com ou sem revolução, principalmente a
evolução do século XIX.
Entretanto,
quem realmente conhece bem o assunto e tem um senso de visão profunda na
evolução da história, sabe bem que, a Revolução Francesa foi fundamental e como
afirma Eric Hobsbawm (1996, p.41) “os liberais da Restauração, embora
amedrontados por muito do que aconteceu em seu país, não rejeitaram a Revolução
Francesa nem foram seus apologistas”.
O
autor coloca ainda dentro desse pensamento que a Revolução Francesa foi um fato
tão forte e de suma importância que muitos dos liberais não recusaram nem mesmo
a parte da revolução que foi indefensável.
Nada é mais
surpreendente sobre os liberais da Restauração do que sua recusa em abandonar
mesmo aquela parte da Revolução que era indefensável em termos liberais, que os
liberais não queriam defender, e que de fato os liberais tinham derrubado: o
jacobinismo de 1793-1794. A Revolução Francesa que eles desejavam preservar era
aquela de 1789, a da Declaração dos
Direitos do Homem. HOBSBAWM (1996, p. 42).
Assim, os liberais da Restauração assumiam
que no final das contas, os crimes da Revolução Francesa no período jacobino,
valeram a pena, assim como todos os outros ocorridos em toda a Revolução.
Analisando bem esse primeiro capítulo do
livro o qual foi resenhado e, baseando-se em aulas de história que se teve
direcionado ao assunto, percebe-se que mesmo com as muitas críticas que a
Revolução tenha recebido, ela foi o ponto de partida para a libertação de um
povo sofrido que tinha sonhos e que buscava viver com dignidade, fazendo jus ao
seu trabalho. Infelizmente assim como em outras revoluções, essa liberdade
custou muitas vidas e, muito sangue foi derramado.
De forma geral além da conquista de um povo
humilde, tem-se a Revolução Francesa como um marco na história da humanidade onde,
se mostrou e comprovou que a união de um povo em favor de uma causa pode ser
muito mais forte do que a força política de um governo, fazendo com que a
Revolução Francesa, se tornasse um exemplo de inspiração a muitos movimentos
que aconteceram pós Revolução, sempre objetivando a liberdade e a justiça
igualitária em favor de todos.
REFERÊNCIA
HOBSBAWM, Eric. Ecos da Marselhesa, dois séculos reveem a Revolução Francesa. São
Paulo, ed. Companhia das Letras, 1996. Tradução:
Maria Celia Paoli, 157p.