ATENÇÃO: qualquer
citação deste fichamento publicada em algum artigo ou trabalho semelhante
deverá ser comunicada no e-mail: anderson_josebender@hotmail.com
. Se houver duas
publicações com citações idênticas, sendo uma de autoria do proprietário deste
blog, não poderá ocorrer contra o mesmo, nenhum tipo de questionamento. Entretanto,
qualquer citação idêntica ou, parcial já publicada anteriormente a este
fichamento é mera coincidência. Todas as citações deste fichamento foram
retiradas do livro através de leitura e interpretação, obedecendo sempre à
referência do autor.
PRIMEIRA
PARTE DE UMA PROBLEMÁTICA A OUTRA
Capitulo I –
Crítica da geografia política clássica.
I - Nascimento da geografia política
Nesta obra em que o primeiro tema aborda o
nascimento da geografia politica pode-se analisar que quanto mais jovens são as
ciências do homem, mais tentadas elas são a estabelecer sua genealogia. E nesse
contexto Ratzel atesta que somos encorajados pela geografia política, e o
próprio faz uma analogia ficando num ponto de convergência entre o pensamento
naturalista e o pensamento sociológico.
Baseado nesse contexto surge na obra ratzeliana o
princípio da geografia política ou seja suas bases.
“Não
queremos dizer que os autores que seguiram Ratzel sejam seus epígonos, mas
simplesmente que a obra ratzeliana, lançando as bases da geografia política,
traçou um quadro no qual ainda se pode trabalhar mesmo quando a ela nosopomos
como foi o caso da escola francesa”.(RAFFESTIN, 1993, p.13).
Para Raztel uma das chaves de ligação da geografia
política foi o enraizamento no solo de comunidades que exploraram as
potencialidades territoriais. Pois ao entender, é desse ponto que surge os
anseios políticos, e consequentemente a ligação difundida da geografia
política.
“Ratzel viu muito bem o papel e a influência que poderiam desempenhar as
representações geográficas, assim como as ideias religiosas e nacionais na
evolução do Estado[...] as fronteiras, na qualidade de órgãos periféricos do
Estado, durante muito tempo prenderam sua atenção. Daí ter procurado distinguir
o significado das zonas de contato, terra-mar, por exemplo, de mares, de
montanhas e planícies, sem esquecer as dos rios e dos lagos”. (RAFFESTIN, 1993,
p.13).
Após as ideias de Ratzel a geografia política se
modificou apenas na questão de reprodução, pois houve um enorme trabalho na
reprodução e na atualização dos conteúdos, porém, no quesito invenção houve
apenas, uma medíocre atualização das formas. Com isso, se hoje Ratzerl abrisse as
atuais obras da Geografia política não se sentiria perdido.
A geografia política de Ratzel é uma geografia de
estado, onde o estado é o poder ou seja ele o detém e é o único a detê-lo.
Dentro dessa concepção mais adiante surge a geopolítica que na verdade é uma
geografia do Estado totalitário que é uma concepção de Ratzel, onde na verdade
só existe o poder do estado não havendo para ele outras opções de poder
“Só existe o poder do Estado. Isso é tão
evidente que Ratzel só faz alusão, em matéria de conflito, de choques entre
dois ou vários poderes, à guerra entre Estados. As outras formas de conflito,
tais como as revoluções, que colocam em causa o Estado em sua interioridade,
não têm lugar em seu sistema. A ideologia subjacente é exatamente a do Estado
triunfante, do poder estatal”. (RAFFESTIN, 1993, p.16).
II - Geografia política ou geografia do Estado?
Muitos autores colocam o nosso pensamento em dúvida
para o que devemos focar, ou ainda como devemos analisar a geografia, e isso se
complica ainda mais com o aparecimento da geopolítica, pois a partir desse
ponto, estamos lidando com uma ciência.
“[...] Nos anos 30, uma série de autores, sob
a direção de Karl Haushofer, elaboraram o pensamento geográfico do Estado
nazista, utilizável por qualquer Estado totalitário. Desde então, a geopolítica
aparece como uma espécie de geografia aplicada ao Estado. Como estranhar depois
o desinteresse de certas escolas pela geografia política, tida nessas condições
como de má fama? Golpeada assim, de forma tão vil, a geografia política
permaneceu estacionária durante um longo tempo. Ainda que essa geografia não
fosse justamente, em nossa opinião, uma verdadeira geografia política mas uma
"geografia do Estado". (RAFFESTIN, 1993, p.19).
No entanto pode-se perceber que até então a
Geografia política era vista e analisada por muitos como uma geografia de estado,
como se percebe depois do restabelecimento da tradição alemã e na última obra
de Schwind que teve o mérito de se apresentar como uma geografia de estado.
A geografia
sempre foi e sempre será algo de muitas teorias e criticas não relacionado à
geografia geral que engloba a parte física e humana e que é considerada uma
ciência, mas sim nas “raízes” que a geografia produz, muitas delas como a que
estamos analisando acabam por gerar muitas “discussões”.
“Um dos raros autores que tentou teorizar a
geografia política é Jacques Ancel, que Gottmann condena severa e injustamente:
"Ainda não seria o caso de qualificar de doutrina uma tentativa infeliz de
compromisso entre os métodos franceses e os alemães". Julgamento tanto
mais injusto se lembrarmos que o próprio Ancel estigmatizou os erros habituais
da geopolítica alemã”. (RAFFESTIN, 1993, p.20).
Com bases nessas informações pode então dizer que a
geografia política no século XX foi realmente uma geografia de estado, pois se
relacionou ao poder do estado e os constantes conflitos por territorialidade e
o consequente domínio pelo mesmo e os fatores preponderantes.
III – A linguagem da geografia de Estado
No momento em que a geografia política passa a ser
considerada por alguns como geografia de estado, automaticamente a mesma passa
a ser mais bem compreendida. No entanto, na linguagem paradoxal a geografia
política clássica foi mais incitada a dizer que tal Estado, em termos de
território, era pequeno, compacta e marítima ou grande, alongada e peninsular.
Essa informação reforça o termo já escrito de que as raízes da geografia são
assuntos de grandes “discussões”.
Desse modo a geografia de estado vem com táticas e
códigos que são de mais fácil interpretação facilitando a analise da geografia
o que não ocorre na geografia politica que é vista de forma mais complicada a
se entender.
“[...] a linguagem utilizada é composta por
certos signos específicos: número, distribuição, estrutura, composição, para
citar apenas os mais representativos. Poder-se-á se notar que são
característicos de um ponto de vista coerente em relação àqueles do território,
no sentido de que a população é tomada como um recurso”. (RAFFESTIN, 1993,
p.26).
Capitulo – II
Elementos para uma problemática social
I – o que é uma problemática
A problemática se resume na obra como um conjunto
de problemas que envolvem os problemas urbanos de uma cidade relativos a uma
questão particular. Esse conceito geral traz a tona mais uma vez, a discussão
da geografia política onde a mesma é vista de forma única, ou seja, que se
relaciona ao que foi criada e definida e não a outras raízes.
“[...] Toda geografia política principiou pela definição de um objeto e
se institui num inegável “totalitarismo” do objetivo: “A geografia política é
isto e não aquilo”! Esse tipo de afirmação é o oposto de uma pesquisa que se
define como projeto [...] Isso significa que postulamos “uma” nova descrição,
cuja ambição é lançar as bases “de uma” nova explicação” (RAFFESTIN, 1993,
p.31).
II – identificação da relação
Nesse fundamento se aborda a ideia da troca, onde a
geografia de certa forma também se encaixa, porém essa maneira não fica apenas
na ideia da troca e não troca e sim também na doação, roubo.
Todas essas identificações se relacionam na
linguagem do processo de comunicação e nas problemáticas sociais a que as
mesmas estão sujeitas, digamos que essa seja a parte comercial e social que se
engloba dentro da geografia política ou do estado como é vista por alguns
pensadores.
Nesse contexto percebe-se que a organização de um
território, suas delimitações e, até mesmo muitas vezes certos “conflitos” se
relacionam a visão comercial, porem quando isso acontece o problema já não é
mais comercial e sim político fazendo com que entre nesse jogo de poder o que
já foi dito anteriormente a “doação e o roubo”.
“então, não se trata mais de uma economia, mas
de uma política cujas finalidades não são a expressão de uma necessidade endógena
[...] mas a expressão de uma exógena que determina as finalidades das partes da
estrutura que se devem manter” (RAFFESTIN, 1993, p.34).
III – Os elementos constitutivos da relação
A geografia política clássica aborda um contexto em
que o Estado vem a ser comparado como um “ator” no meio de uma produção
cinematográfica ou mais antigamente a uma obra escrita, onde o mesmo tem o
papel principal e a cena se prossegue de acordo com sua “encenação”. E como em
toda obra existem vários outros papeis que dão a história um enredo, uma
lógica.
A partir dessa análise é fácil fazer uma comparação
ao cenário do Estado, pois tudo ao seu lado tem influencia e de certa forma faz
parte das influências do Estado. E é evidente que estamos falando das igrejas,
partidos políticos, os políticos, as empresas, entre outros que juntos combinam
os elementos de produzir e que acaba dando força ao Estado no cenário político
geográfico.
Portanto vemos então que toda essa relação de fatores
que organizam o Estado é essencial para manter o mesmo organizado, organização
essa que gera poder ao mesmo tanto no cenário territorial e político.
Capitulo III
– O poder
I - O que é poder?
Aqui temos a definição de superioridade de status
mais elevado onde observamos o domínio territorial, onde se controla a
população e se dominam os recursos. O poder surge se gera e se manifesta através
da maneira como as coisas acontecem derivado da relação como foi visto no
capitulo anterior.
Dentro do poder temos as ideologias do saber, que
se se desenvolvem e direcionam as metodologias do poder, no entanto, um não
funciona sem o outro quando se falamos de Estado no âmbito territorial.
“O laço entre o poder e o saber é evidente, mas não há nem informação
pura nem energia pura. Trata-se sempre de uma combinação das duas. O
espaço-tempo relacional é organizado pela combinação de energia e informação”
(RAFFESTIN, 1993, p.54).
Quando analisamos a palavra poder dentro do
contexto geográfico temos que saber analisar e distinguir o mesmo de duas
maneiras, pois estamos falando de poder de força e poder de informação e o
Estado, usa muito isso, para promover suas ações.
II – Os trunfos do poder
O objetivo do poder e ter uma dominação sobre
aquilo que o mesmo e aplicado e na geografia política esse objetivo é dividido
em três fatores, população, território e recursos, ou seja, quando falamos de
poder dentro da geografia estamos falando basicamente desses três fatores com
raras exceções. Com base nessas informações podemos, no entanto dizer que o
“trunfo do poder” nem sempre é único, sempre tem algo a mais em questão.
Cada fator possui dentro de si também um “trunfo”,
ou seja, dentro da população, território e recursos, temos um poder que algumas
vezes leva a uma ação de um poder maior por parte do estado em alguns casos.
III – O campo do poder
O campo do poder leva em conta a atuação do mesmo
sobre o campo abrangente, visto que, há uma relação de custo e benefício, ou
seja, para cada ação do poder temos um custo e um benefício, tanto para ações
negativas quanto para as ações positivas, no entanto, nem todas essas ações se
realizam. Segundo Claude (1993) “Deve-se admitir que há uma infinidade de
campos de poder num sistema social em razão da multiplicidade de relações
possíveis. De fato, só algumas delas se realizam”.
SEGUNDA PARTE
A POPULAÇÃO E O PODER
Capítulo I –
Recenseamento e poder
I – A representação da população primeiro domínio
do poder
Anteriormente viu-se à definição e as atuações do
poder e nessa parte da obra de Raffestin temos a influencia e o domínio do
mesmo sobre a sociedade num todo.
O primeiro domínio do poder é o recenseamento, o mesmo
define em seu conceito a população como uma “coleção de seres”, nesse ponto, tem-se
um fator negativo, por mais que seja uma necessidade para seu controle no
território geográfico, ele se envolve negativamente na cultura religiosa de
alguns povos.
“[...] Entre os povos antigos, e
particularmente em Israel, o recenseamento é um ato sagrado que só pode ser
realizado sob certas condições. Provém da vontade divina e coloca em perigo
aqueles que a ele estão submetidos. A inscrição de nomes numa lista significa a
usurpação de uma prerrogativa divina. É conhecida a cólera do Eterno quando
David obrigou Joab e os chefes do exército a fazerem o recenseamento do povo de
Israel” (RAFFESTIN, 1993, p.67 e 68).
A partir
desse conceito podemos afirmar o que foi colocado no campo do poder onde
temos as ações negativas e positivas da atuação do poder no cenário geográfico
global.
No cenário atual fora do conceito cultural
religioso, a parte do domínio do poder que foca o recenseamento, visa com
objetivo amplo realizar uma organização que nas estratégias de controle do
poder, em inúmeros atos. No entanto, toda essa organização se constitui de um
grande valor comercial, pois esse ato de poder gera grandes custos financeiros
ao Estado, e isso é visto com clareza no campo do poder onde para poder
obter o beneficio, é necessário um custo.
O foco do recenseamento tem várias visões e
estratégias de controle, tanto para a geografia física, como para a geografia
humana, e quando falamos em geografia é claro que englobamos a geografia de
estado, a geografia política e a geopolítica, onde o leque do poder está
incluído de forma específica nas suas ações.
II – Os atores e suas finalidades
Temos aqui a segunda forma de domínio do poder onde
começa a se descrever as finalidades das ações realizadas pelo poder onde surge
a preocupação com o numero mínimo e máximo da população em um todo. Essa
preocupação tem objetivo em analisar e resolver os problemas relacionados com a
sociedade onde os recursos que essa sociedade necessita devem na teoria atender
a todos, porém, o poder do Estado precisa estar atuado para haver uma
organização e, para isso, entram em jogo os atores que vão estar “observando”
essa relação.
Alguns desses atores são as taxas e os impostos,
esses por sua vez promovidos pelo estado e que são as formas de domínio do
poder. Podemos ainda perceber que existem dentro desse conceito inúmeras
formas, pois tudo se relaciona ao fator população, onde dentro do mesmo temos
as culturas, raças, classes sociais, imigrações e migrações, todos relacionados
e observados pelos atores, isso com objetivo de promover as finalidades que vão
ajudar a organizar o poder de domínio do Estado.
Muitas vezes e principalmente no passado para haver
sucesso no objetivo dos atores se pagava um preço alto, talvez hoje estejamos
vivendo e pagando esse preço de forma mais “camuflada e discreta”, mas que
ainda existe, no entanto no passado mais recente o problema era mais “exposto”.
“A organização não só manipula a vida mas
também a morte, para assegurar o seu domínio sobre a população. Aliás, no
século XX o poder descobriu que, para atingir os seus objetivos, algumas vezes
era necessária a eliminação física em grande escala. A Revolução Industrial
matou gerações inteiras para chegar às suas finalidades. Não falamos de
genocídio, sem dúvida, mas aqui se trata da morte lenta de crianças, homens e
mulheres nas fábricas. Há uma geografia da vida, como há uma geografia da
morte” (RAFFESTIN, 1993, p.79).
Assim pode-se perceber que para haver uma
distribuição equilibrada da organização do poder, se paga um preço que muitas
vezes é “caro demais”.
III – Controle e gestão dos fluxos naturais.
Temos aqui uma explicação sobre os equilíbrios de
superpopulação onde se analisa as taxas de mortalidade e natalidade que
influenciam no espaço geográfico e é claro na política do estado sobre a
organização do mesmo e a preocupação sobre como se devem direcionar as
finalidades do poder.
O foco do poder nesse contexto leva em conta também
que, de acordo com os fluxos naturais deve-se organizar a política de uma
maneira em que se possam atender os quesitos educação, saúde, bem estar,
alimentação entre outros. No entanto essa visão nos séculos anteriores e mesmo
antes da segunda guerra não se direcionavam de uma maneira tão simples.
De reforma ampla e resumida o centro do objetivo
aqui é salientar que as políticas veem o individuo reprodutor que de forma
natural como ser controlado pelo Estado, pois o Estado em sua política
geográfica de certa maneira usa do poder para tentar controlar isso de acordo
com sua vontade e necessidade, onde a uma superpopulação tem-se um controle
mais profundo de fecundidade e onde a pouca população são realizadas campanhas
para incentivar a fecundidade, mas, por muitas vezes não e nada fácil realizar
com êxito esses objetivos.
“[...] O indivíduo, como reprodutor, é controlado pelo Estado, pela
organização suprema e suas relações sexuais devem ser úteis ao Estado [...] A
fecundidade não é, pois, somente um fenômeno biossocial; é também um fenômeno
político” (RAFFESTIN, 1993, p.83).
IV – Controle e gestão dos fluxos migratórios
Como foi abordado anteriormente percebe-se que não
é fácil controlar a mortalidade e a natalidade, e o mesmo acontece com os
fluxos migratórios, isso porque na maioria das vezes a imigração e a migração,
estão relacionadas aos problemas geográficos e políticos geográficos que
acontecem na região de um Estado, problemas esses que estão relacionados à
fome, desemprego, guerras, violências, oportunidades entre outros. E como há dificuldade
nesse controle automaticamente o cenário geográfico encontra-se em constante
modificação.
No cenário internacional os fluxos migratórios
podem ser mais controlados isso se vê na história das imigrações, porém como se
analisou no paragrafo anterior, dentro de um Estado o problema é mais complexo,
não que seja impossível, as políticas existem, no entanto não há fronteiras
específicas para realizar um maior controle.
O lado interessante dessas políticas de migração e
imigração é o interesse comercial das empresas que visão sempre a mão de obra
barata, o que por um lado é negativo como o controle ambiental e geográfico,
por outro é positivo pois gera lucro e riqueza para o “mundo” capitalista. Esse
conceito positivo das empresas capitalistas é que determina o fluxo migratório
em grande parte dos casos.
“Atualmente, no que diz respeito às migrações
internas nos países capitalistas de tipo ocidental, são os investimentos das
empresas, ou melhor, dizendo, a estratégia das empresas que determina os movimentos.
[...] Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, muitas regiões em declínio
econômico foram zonas de emigração, reais ou potenciais. Fenômeno aumentado e
reforçado pelos investimentos das grandes empresas multinacionais que veem nas regiões
os suportes temporários de suas atividades [...]” (RAFFESTIN, 1993, p.93).
Capitulo II –
Língua e poder
I – As funções da linguagem
A língua é parte integrante da cultura de uma
sociedade, é através dela que podemos determinar a origem de um grupo, e
também, saber muitas vezes de qual região o mesmo faz parte. Mesmo alguém
sabendo se comunicar por outra língua, sempre deixará vestígios de sua língua
materna, pois o sotaque da mesma acaba em dados momentos, influenciando e
aparecendo na nova língua falada.
O autor também nos deixa claro que a língua também
se torna parte de um poder, pois no mundo capitalista existe o poder da língua
inglesa que se apresenta como a língua do poder, pois, a mesma aparece no
cenário global e no dia-a-dia e muitas vezes, é falada sem que se perceba que a
mesma esta sendo dita.
II – A língua como recurso
Nos dias atuais por onde passamos, podemos perceber
o poder da língua, a mesma se mostra em marcas, outdoors, faixas, produtos comestíveis, ou seja, numa
infinidade de exemplos. Nesse ponto, a língua passa a ser um recurso
fundamental para promover o cenário global do capitalismo.
O recurso da linguagem se torna fundamental para de
certa forma “facilitar” a interação mundial, e “agilizar” qualquer maneira de
“negociação” ou tudo que venha a dar um objetivo às partes interessadas.
“[...] A linguagem ou as linguagens são meios
para mediatizar políticas, economias, sociais e/ou culturais num dado lugar e
por uma duração específica. Ou melhor, toda mediação linguística é subentendida
por uma relação extralinguística no qual circula o poder consubstancial a toda
relação” (RAFFESTIN, 1993, p.100).
Atualmente também percebemos que além do domínio do
poder da língua falada temos o poder da “linguagem” política-comercial, onde se
segue um patamar para tudo que se realiza, ou seja, falamos da língua de ações
e atitudes.
Fora do senário comercial e dentro das raízes da
língua local temos outro poder de linguagem onde se destaca como o poder
central a língua oficial e ao seu redor mais precisamente no interior, os
dialetos que são o cenário mais simples da mesma língua, porem obedecendo à
parte mais humilde de uma cultura local.
III – A
língua e as relações do poder
Como já foi visto o autor expressa nessa parte do
livro que a linguagem é um instrumento de poder da mesma forma como qualquer
outro, assim, cada ação comercial possui a sua linguagem, e quando o assunto
deixa de estar ao nível de interesse global, a linguagem passa da universal
para a local, deixando claro que o cenário cabe de interesse apenas para aquela
determinada região.
Quando a língua materna local começa a ser
dialogada dentro do cenário mundial, nos deixa a entender que está se usando um
meio de proteção de interesse daquele lugar, ou seja, o poder da língua materna
se torna grande, pois age de forma como um escudo, não deixando que outras
“formas” interesseiras compreendam o interesse local.
“[...] Cada língua é um instrumento de ação
social e, nesse sentido, ela ocupa um lugar especial no campo do poder. Uma
opressão linguística, uma opressão por meio da língua é, portanto possível.
Essa opressão surge cada vez que uma língua diferente da materna é imposta a um
grupo” (RAFFESTIN, 1993, p.108).
A relação de poder da língua e tão forte que o
cenário em que mesma pretende agir, precisa muitas vezes se adaptar a tal para
poder participar do contexto econômico e político, isso se dá, devido ao fato
de não se precisar apenas da linguagem falada e sim, da linguagem política e
econômica que abrange todo um contexto global.
Quando se “obriga” uma determinada região a usar a
linguagem universal contra a sua vontade, tanto no cenário político como no
comercial, está se oprimindo aquela parte da sociedade a conviver com a
Geografia local e com a sua integridade, fazendo com que a cultura desapareça
aos poucos. Essa consequência e fruto do poder comercial de um foco negativo da
Geopolítica.
Capítulo III
- Religião e poder
I – O sagrado e o profano
A religião se apresenta no cenário mundial como
tendo a mesma atuação de poder como a língua e, no cenário da geografia esse
contexto se torna mais específico. A Religião também possui um status de poder,
e há alguns séculos atrás, esse poder era de um caráter muito dominante.
A religião em seu âmbito de poder consegue de uma
maneira psicológica, conquistar muitos objetivos, talvez não tanto quanto no
passado, mas, possui grande caráter de respeito entre algumas nações o que,
eleva-a como tendo um grande padrão de poder. Para a religião e que não está de
acordo com sua vontade acaba se tornando algo profano, ou seja, que não
está de acordo com os preceitos religiosos, que desrespeita a santidade de
coisas sagradas, que acaba “fugindo” do âmbito religioso.
A
religião assim como a língua pode ser concebida com múltiplas funções, no
entanto, ela funciona da mesma maneira que a língua, ou seja, ela precisa da
“massa” fiel, para se manter da mesma maneira como a língua necessita de
pessoas que a pratiquem para a mesma não cair no esquecimento. Uma religião
segue enquanto possuir fiéis que dão a ela a força para sobreviver, e quanto
mais força ela tiver, mais poder ela irá conquistar e consequentemente maior
influência no cenário político geográfico ela terá.
II –
As relações Estado – Igreja
Muitas
vezes a religião segue uma estreita ligação com o estado fazendo com que haja
uma concentração sagrada e profana dentro da concepção de poder, formando laços
políticos-religiosos.
O
fruto dessa concepção político-religiosa gera um forte instrumento de poder,
juntas essas duas ideologias conseguem repassar todo o poder de forma rápida.
“[...]
Essa convergência do sagrado e do profano constitui um temível instrumento de
poder e um meio de rara eficácia para mobilizar uma população. Os fatos nos
mostram que essa estreita ligação entre a Igreja e o Estado desemboca
finalmente numa predominância do Estado, que manipula a religião para assentar
seu poder. [...] As vantagens dessa ligação são evidentes. De fato, o poder
nesse caso, possui um forte componente informacional, e o Estado gasta muito
menos energia para obter a adesão da população às suas pretensões políticas” (RAFFESTIN, 1993,
p.124 e 125).
Percebe-se
que a maior vantagem nesse cenário de poder compete ao Estado, pois o mesmo
acaba poupando suas “forças” deixando para a igreja e suas qualidades o papel
de informante da ordem do poder. Essa visão do Estado se baseia nos fatos
históricos onde a Igreja já esteve no topo do poder e teve grande influencia
sobre tudo até mesmo sobre as terras, e isso a torna na visão do Estado, como
grande “estratégia” de divulgação.
III
– O despertar do Islã
Quando
falamos em poder da igreja temos que ter uma visão ampla das consequências
desse poder, muitas vezes tudo o que vem relacionado à fé e algo bom, mas,
temos o lado que não é tão bom assim, principalmente quando entra em questão o
fanatismo religioso que somado ao poder da igreja causa muitas vezes um
verdadeiro cenário de guerra, e quando voltamos nossos olhares para o mundo
Islã, acompanhamos na mídia muitos desses problemas, atentados, ataques entre
outros fatores. Que fique claro que não podemos culpar a Igreja meramente dita
e sim o fanatismo que engloba alguns indivíduos e que se apresenta como fator
negativo.
Esse
fato citado e algo que muda o cenário geográfico quase que todo dia, e surge
como foco principal no cenário da geografia política e da geopolítica. Vale
ressaltar que o mundo islâmico está rodeado de uma grande fonte de riqueza, o
petróleo e que junto a Organização dos
Países Exportadores de Petróleo OPEP, se soma ao poder e aos perigos do
cenário político-religioso.
“Não foi por acaso que a islamização se deu
em seguida ao controle total, pelos países árabes da OPEP, desse recurso
fundamental que é o petróleo. E o que torna a conjunção política-religião tão
perigosa no mundo islâmico. O Islã vai procurar maximizar suas forças políticas
e econômicas em detrimento de outros grupos. A islamização não está em causa,
pois é um sistema de valores como qualquer outro. O que está em questão é o
proselitismo reforçado por consideráveis meios de ação” (RAFFESTIN, 1993,
p.128 e 129).
Capítulo IV – Raças, etnias e poder.
I –
O papel e o significado das diferenças
Quando
analisamos o passado percebemos que havia muito poder de uma nação sobre a
outra e também, o poder de uma etnia sobre a outra. Esse poder chegou a virar
um grande comércio lucrativo e, algumas raças e etnias passaram a serem
“comercializadas” destacando assim, que havia outra raça superior e dominante
dotada de poder sobre as demais.
Se
fizermos uma pesquisa a fundo, podemos colocar inúmeros exemplos de domínio de
poder sobre raças e etnias, no entanto, dois exemplos são suficientes como: a
escravidão sobre a raça negra nos séculos anteriores ao século XX e a
perseguição aos judeus na Segunda Guerra mundial já no século XX.
II –
Formas de descriminação
Nos
tempos atuais como final do século XX e início do século XXI, não têm
especificamente uma “escravidão” e uma “perseguição”, não de forma clara, mas
indiretamente ainda encontramos uma discriminação, a certos povos e etnias.
Isso
fica claro quando observamos o isolamento territorial, que vem acompanhado de
outras medidas como a organização de um grupo que camufladamente não permite à
aquisição de um grupo racial ou uma etnia a determinada região. Essa
descriminação passa a variar e muito de uma nação para a outra, e a podemos
encontrar em grande escala ou não, muitas vezes essa descriminação está tão
presente que acontece de forma espontânea e uma das grandes prejudicadas com
isso é a raça negra.
“[...]
Os negros, com exceção de uma elite abastada, não conseguem se instalar onde
querem, seja porque não têm os meios, seja porque não conseguem comprar ou
alugar uma casa ou um apartamento nos bairros brancos. Ocorre assim o
nascimento espontâneo, mas tão marcante quanto se fosse institucionalizada, de
uma discriminação espacial” (RAFFESTIN,
1993, p.134).
No
entanto a citação da autora nesse trecho aborda apenas um exemplo, porém ainda
temos muitos outros, como os nativos, judeus os próprios árabes em alguns
países, os Brasileiros entre outros. Em longo prazo, acabam-se tendo
consequências com essa discriminação, consequências essas que são percebidas no
momento em que se necessita de uma ação qualificada, ou até mesmo no caráter
pessoal.
TERCEIRA PARTE O TERRITÓRIO E O PODER
Capitulo I – O que é território
I –
Do espaço ao território
Atualmente
muita confusão é feita entre espaço e território, é fundamental saber que o
território surge do espaço, no entanto, se não há espaço ocupado, não há
território. Segundo Raffestin (1993) evidentemente o território se apoia no
espaço, mas não é o espaço. É uma produção a partir do espaço.
Portanto
define-se o espaço geográfico como um espaço construído através da
transformação do mesmo pelo homem, tendo como finalidade a intencionalidade
humana. Pode-se encontrar no espaço geográfico formas "naturais" rios,
planaltos, planícies e, artificiais, casas, avenidas, pontes, cercados entre
outros. Em geral, o espaço geográfico é o espaço ocupado e organizado pelas
sociedades humanas.
Para
buscarmos o contexto de território temos que, no entanto ter um agrupamento de
vários espaços, dentro do território, pode ter, entretanto, mais que um estado-nação,
ou seja, do resultado de vários espaços surgem os territórios que podem
englobar vários países.
Dentro
dessa formação temos o surgimento da cartografia que se tornou um instrumento
de poder do “poder”. Assim, a cartografia fez com que o poder construísse malhas
nas superfícies do sistema territorial para delimitar campos operatórios.
Assim, essas redes ou campos operatórios são as que asseguram o controle do
espaço e o controle no espaço.
II –
O sistema territorial
Como
se pode analisar o poder constrói malhas nas superfícies do sistema territorial
para delimitar campos operatórios. Isso se traduz por uma produção territorial,
com isso podemos observar que nenhuma sociedade escapa da necessidade de
organizar o campo operatório de sua ação.
Dentro
desse sistema territorial, temos uma interação política, econômica, social e
cultural. Essas por sua vez se envolvem nas relações de poder que está ligado a
vários sistemas desde os urbanos, até aos rurais. Temos também dentro desse
mesmo sistema uma serie de organizações que de fato influenciam no cenário
geográfico e, uma delas se apresenta como a comunicação, sendo ela também responsável
pelo ato do poder sistemático dentro do sistema territorial.
III
– A territorialidade
A
territorialidade é a percepção que temos do poder exercido por um indivíduo ou,
um grupo em dado espaço geográfico, especificamente falando, é a parte mais
cultural de um mesmo território.
Aqui
temos, no entanto, o poder exercido ou o domínio por um grupo sobre determinado
espaço, essa territorialidade se torna um fenômeno de comportamento associado à
organização dos espaços, o que se subtende que cada região possui suas
características de territorialidade que acaba se caracterizando um poder do
grupo sobre aquela região.
Cabe
lembrar também que a territorialidade e algo que abastece o poder do
território, pois a mesma tem o status de produção, através da cultura que se
insere, ela por si própria cria fatores econômicos e rentáveis e isso, precisa
ser valorizado.
“A
territorialidade se inscreve no quadro da produção, da troca e do consumo das
coisas. Conceber a territorialidade como uma simples ligação com o espaço seria
fazer renascer um determinismo sem interesse” (RAFFESTIN, 1993, p.161).
Capítulo II – As quadrículas do poder
I –
Limites e fronteiras
Nós
seres humanos vivemos num mundo onde há diversos limites e fronteiras, cada
propriedade, espaço e território está separado por um limite e por uma
fronteira seja ela imaginária ou delimitada. Portanto, o limite é onde temos
uma demarcação onde qualquer ato de poder precisa “frear” o seu comando, pois a
partir dessa demarcação em diante outra forma de poder assume seus objetivos e
conceitos. A fronteira, no entanto, assume um papel de aproximação, pois em
ambos os lados do limite, aproximadamente 100 km do mesmo se considera área de
fronteira.
Cabe
a nós lembrar que fronteira e limite, também são considerados para outros
fatores, não necessariamente no âmbito físico, mas na ideologia das ações
políticas e sociais, onde influencia o poder. É claro que isso são casos
isolados, no geral sempre tudo se baseia em algum ponto de referência que
sugere um limite ao seu redor, próximo a fronteira desde que a mesma tenha sido
estabelecida em comum acordo sem contestação. Segundo Claude (1993) A linha de
fronteira só é de fato estabelecida quando a demarcação se processa. “De fato
estabelecida” significa não estar mais sujeita à contestação de um dos Estados.
As
fronteiras e os limites são duas das razões que são responsáveis pelos projetos
sociopolíticos e/ou socioeconômicos. Outro fator que as liga no cenário
geográfico, é que já foram e de certa forma ainda são as razões de conflitos,
que ajudam a modificar a geografia local, política e social.
II –
Mudanças de poder, mudanças de tessitura.
Neste
contexto se analisa os efeitos da mudança de poder dentro de um território,
pois cada poder em exercício possui formas diferentes de pensar e agir e,
muitas vezes tais formas se apresentam para mudar o cenário geográfico que
influencia nos limites e nas fronteiras. O autor cita no livro a França como
exemplo claro de mudanças de tessituras e mudanças de poder.
Muitas
vezes quando há uma mudança de poder principalmente quando a mesma é realizada
de forma forçada ou contra a vontade da maioria, acontece uma crise no
território e essa por sua vez acaba se enraizando a outros fatores internos,
levando a uma crise de relações. Essas crises são fatores que ajudam a mudar o
cenário geográfico tanto politicamente quanto socialmente e, em casos mais
graves fisicamente.
III
– Mudança de modo de produção, Mudança de tessitura.
Como
já vimos à mudança de poder realiza transformações no território e a tessitura
vem como um código da mesma maneira que a língua, ou seja, a mesma é uma forma
de poder, isso porque a tessitura dá significado às coisas, quando a mesma é incorporada
no cenário político e na sociedade, ela confere a legibilidade e visibilidade
às relações e às organizações, porém, a mesma também pode sofrer mudanças que
acabam afetando as linhas de produção dentro de um território.
Como
já foi visto, a troca de poder dentro de um território, realiza muitas vezes
transformações e essas realizam uma mudança de produção que por sua vez, podem
influenciar nos espaços que compõe o território gerando um custo para as
comunidades. Sobre esse contexto, o autor deixa algumas perguntas a ser debatido,
segundo Raffestin (1993) Esse custo é contrabalançado por ganhos para as
comunidades? Em caso afirmativo, quais? Ou se trata de um jogo sem vencedores,
no qual aquilo que as comunidades perdem as organizações ganham?
IV –
À procura de uma nova malha: a região
Todas
as vistas até aqui geram uma ideologia de protesto, isso acontece porque o
Estado tem interesse próprio que muitas vezes não traz benefícios para a
sociedade.
“[...]
É inteiramente da lógica do Estado construir uma imagem de diversidade que ele
assenta sobre a uniformidade. A região é dita, não vivida. E no entanto podemos
nos enganar com isso, e de fato nos enganarmos, uma vez que baterias de
decretos e leis parecem dar uma consistência à ideia de região” (RAFFESTIN, 1993,
p.182).
O
que não se pode afirmar nesse contexto é que o Estado não deixa de se preocupar
com as regiões onde ocorrem esses problemas, no entanto ele modifica o cenário
da região, mas não do território, isso porque o poder tem mais firmeza na
modificação do espaço e das suas regiões ficando de certa forma, limitado ao
território geral.
Essa
limitação acontece, pois o Estado modificando a territorialidade estará
modificando toda uma simbologia onde desaparecendo a mesma se impedirá a
revisão de um diálogo com o meio espaço-temporal o que não impede a sociedade
de exigir uma nova malha.
O
poder do Estado, no entanto, define que tudo acontece de uma forma que os
indivíduos se conscientizem em pertencer a tal sociedade que define essa
metodologia de poder, ou seja, com isso se descobre que primeiro se pertence a
um território depois a uma sociedade em sentido
amplo.
Capítulo III – Nodosidade, centralidade
e marginalidade.
I –
Os lugares do poder
Muitas
vezes as mudanças de algum local, estão limitadas ao poder, dentro desse
contexto temos vários poderes, como, religiosos, culturais, ou algo que
aconteceu e que em virtude do fato histórico, fica mantendo as estruturas
originais.
Outro
fato que da poder ao lugar é o das organizações que se instalam e dão dentro de
um poder, um novo poder como no caso das favelas, condomínios fechados entre
outros similares que constituem dentro de si suas próprias leis, batendo de
frente com as leis do Estado. Muitas vezes em alguns lugares temos ainda dentro
das mesmas um comando que fortifica esse poder, como é o caso das organizações
criminosas que centralizam nesse local seu status de poder.
II –
As capitais e o poder.
Dentro
das capitais temos toda uma estrutura que rege e determina o poder, as “peças”
chaves se localizam no interior da mesma e direcionam o poder, criam leis,
sistemas, fiscalizam e observam tudo e toda decisão que sai da sua estrutura.
Segundo Claude Raffestin (1993) a capital é um conjunto de sistemas sêmicos que
mediatizam as relações de poder.
A
capital quando se estabelece em um determinado lugar estabelece todo um
contexto político e com ela vem toda uma marginalidade que se instala ao seu
redor. Muitas vezes a capital muda de “endereço”, isso se deve ao fato de ela
não estar em um lugar estratégico, isso faz com que haja uma série de análises
políticas para o novo lugar que a mesma se instale. A partir desse analise com
raras exceções, busca-se defini-la em um lugar que o poder econômico, político
e social seja mais bem visto.
III
– Regiões, nações, grandes espaços e poder.
As
capitais são dotadas de uma grande estrutura, no entanto, ela apoia essa
estrutura em outras regiões, definindo um comando, uma estratégia, definindo o
quanto serão as taxas de impostos e o quando ela pode “extrair”.
“[...]
A capital se apoia, em geral, numa ou em várias regiões, controla uma ou várias
nações ou, enfim, se inscreve em grandes espaços. Por quê? Porque nenhuma
capital pode possuir nela própria os recursos necessários ao exercício do
poder. Ela pode reunir, drenar ou coletar recursos úteis, mas é pouco capaz de gera-los
por si mesma” (RAFFESTIN, 1993, p.196).
Como
já foi visto as capitais tendem a se formar nas regiões-chave, todas com saídas
para o mar, lago ou rio, essas regiões se formaram, pois em algum momento da
história foram lugar de grande exploração e ainda de produção alimentícia, isso
fez com que ali se instalassem grandes aglomerados de pessoas, que de forma,
formaram situações de poder que automaticamente desenvolveu essas regiões a
ponto de se transformarem em capitais.
Vale
lembrar que essas regiões-chaves possuem um grande numero de marginalidade o
que de fato se explica pela maneira estrutural que a mesma é formada, fato esse
que já foi visto anteriormente.
Capitulo IV – As redes e o poder
I –
A circulação e a comunicação
Temos
nessa reflexão o poder em forma de circulação e comunicação, onde se podem
analisar as diferenças de comunicações entre o passado e a atualidade. Vale
ressaltar que a obra escrita por Claude Raffestin data de 1993, e suas
informações apontam uma data não muito comparativa com a análise da atualidade,
segundo Claude (1993). A transferência da informação de um ponto a outro do
mundo pode ser quase que imediata.
Na
visão da época a autora estava certa quando apontava o termo “quase que
imediata”, no entanto, na atualidade temos esse termo modificado para “tempo
real” onde temos qualquer informação em tempo real, não importando em que lugar
do mundo a mesma ocorra.
Atualmente
temos sim um sistema de informação muito mais avançado e em tempo real desde a
época da publicação de Raffestin, porem, na visão geral, o autor aponta que a
comunicação gera uma circulação e é a partir desse ponto que surge o poder, entretanto,
nem sempre esse poder tem vontade própria, muitas vezes as situações acontecem
e a circulação das informações é tão grande que ganham poder e se espalham,
segundo Claude (1993) A circulação é a imagem do poder, mas o poder nem sempre quer
se mostrar e, mesmo quando o faz, é sem o desejar. “A circulação é sinal de
potência”.
O
que se percebe é que essa “potência” que o autor cita é na verdade o poder que
uma informação adquire e, consequentemente a mesma circula em forma de rede se
tornando poderosa. Cabe a nós, no entanto saber intender que isso acontece
dependendo do que se trata tal informação, ou seja, quanto maior o status da
informação, maior o seu poder de percussão.
Baseado
nesse contexto percebe-se que as redes de informação que se formam a partir da
circulação da informação formam uma natureza geográfica, pois é a partir desse
ponto que se forma uma grande “mistura” de informações culturais no cenário
global. Atualmente essa visão de comunicação é muito mais poderosa do que na
época da interpretação da autora.
II – Os atores e a circulação
Vemos
aqui a fonte que faz surgir à circulação, a primeira escala da fonte são os
atores que adquirem o investimento para a aquisição da ferramenta que lhes dá a
informação. Muitas dessas informações se baseiam em estratégias para gerar
lucros, e buscar riquezas, outras têm caráter de realizar pressões, de divulgar
algo que interesse a um determinado grupo, temos ainda dentro dessas
ferramentas, os princípios, militares, religiosos, sociais, informativos, de
transportes e os econômicos que a pouco foi citado. No entanto o que faz
impulsionar toda essa força é justamente à circulação, pois o poder necessita
exclusivamente dela para aparecer em todo o seu contexto.
Atualmente
essas essências estão muito mais desenvolvidas, mas, ainda seguem um sistema de
liderança como no passado e todas as fontes são regidas por uma única circulação
de poder que faz de certa forma o “mundo depender só dela” e mexe com toda a
sua economia, essa forma apresenta como sendo o dinheiro.
“Existe uma circulação, a do dinheiro, que
mostra muito bem a compenetração quase perfeita da circulação e da comunicação.
A moeda é, ao mesmo tempo, “energia cristalizada” e informação. O termo rede
financeira, que se impôs por analogia à rede ferroviária ou rodoviária, não é
abusivo, pois designa “o conjunto hierarquizado e estruturado dos escritórios
dirigidos e animados pela sede central de um grande estabelecimento”. O
dinheiro “circula”, visto ser “materializado”, mas o dinheiro “comunica”, pois
também é sinal, uma ordem” (RAFFESTIN, 1993, p.216).
III
– Os atores e a comunicação
Nesse
contexto, entra em questão o domínio da comunicação dentro do contexto social,
ou seja, a mídia surge como fator dominante, fazendo com que se tenha de certa
maneira uma interpretação de acordo com a vontade da mesma. Os meios de
comunicação principalmente à televisão procuram manipular a mente de seus
telespectadores, transmitindo até eles o poder do consumismo, gerando um grande
impacto lucrativo para as redes dominantes.
Essa
concepção de domínio da mídia traz consigo, o grande interesse de políticos e
estrategistas pelo fato de a mídia, atingir um grande numero de pessoas usando
uma única fonte de divulgação, essa fonte, se torna poderosa se tornando uma
grande “arma” de propaganda capaz de promover as mais diversas situações de
poder, tudo porque, quem tiver a mídia ao seu lado, terá grande parte do
respeito e poder ao seu alcance.
QUARTA PARTE OS RECURSOS E O PODER
Capitulo
I – O que são recursos
I –
Matéria, recurso e tecnicismo.
Nessa parte da obra, o autor tenta nos fazer
entender que, os recursos são responsáveis por realizar, a liderança de um
grupo. Esse conceito dentro do mercado de trabalho brasileiro vem se arrastando
desde os períodos do tecnicismo. O excesso de consumismo provoca grande valor
comercial e de fato, grande demonstração de status e desenvolvimento. Portanto,
os recursos minerais são a fonte do surgimento do poder, pois se destacam nos
meios de produção.
II-
Recursos renováveis e recursos não renováveis
Nessa
margem do conteúdo, temos o quesito que aborda a quantidade de recursos
renováveis e não renováveis presentes no meio em que vivemos. Segundo Raffestin
(1993) A produção dos recursos renováveis, desde o aparecimento da agricultura,
é realizada pelo estabelecimento de ecossistemas agrícolas, ou seja, pela
organização de porções da superfície terrestre. Dentro dessa concepção
política, o poder se destaca onde determinado líder, produz mais, ou seja, há
uma “disputa” no cenário de poder para ver quem realiza maior produção, o
“vencedor” dessa disputa se torna o maior símbolo de poder econômico.
Porém,
é preciso salientar, que o fruto desse poder muitas vezes é prejudicial, muitos
desperdiçam mais do que produzem e isso se torna mais grave, quando se é
utilizado somente para possuir um poder de status usando, energias não
renováveis. Na maioria das vezes os produtos não renováveis realizam o grande
processo de riqueza dentro do meio social, isso tudo ocorre porque acabam sendo
valorizados por serem “únicos” e isso provoca uma supervalorização, despertando
os jogos de poder e ambição para quem tiver contato próprio e possuir o direito
de exploração.
III
– A mobilização dos recursos.
Como
já foi visto anteriormente a grande exploração dos recursos renováveis e não
renováveis não preocupa muito para a figura que detém o poder da produção, o
que importa são os grandes lucros adquiridos.
“Os exploracionistas, uma vez tomada sua
decisão, só tem interesse em produzir o máximo possível, sem nenhuma
preocupação com o ritmo de esgotamento. É um comportamento autocentrado,
“autista” de certa forma, se nos permitem essa transferência de terminologia” (RAFFESTIN, 1993,
p.234).
Nesse
contexto, pode-se perceber que há uma visão exploracionista onde se visa um
interesse pelo bem da minoria para que esses adquiram força para
consequentemente explorar ao máximo a maioria e seus recursos, ou seja, usam-se
as classes mais pobres para ajudar na exploração dos recursos naturais,
beneficiando apenas os grandes.
Para
medir força com essa camada exploradora visando mobilizar a sociedade para que
isso não ocorra, temos os preservacionistas. No entanto essa questão de
preservação e exploração possui muitas teorias, em cada década ela vem
interpretada de uma maneira diferente. Na época da publicação da obra de Claude
não se tinha tanta preocupação como agora inicio do século XXI. Assim sendo,
temos por um lado o progresso a construção de uma sociedade moderna sempre se
desenvolvendo mais, por outro lado a preocupação com o meio ambiente, mas, se
vivêssemos sempre focados na metodologia dos preservacionistas talvez não estivéssemos
tão evoluídos. Porém, que fique claro que em nenhum momento se está tentando
promover a exploração dos recursos e sim, tentar repassar que se pode evoluir
usando os recursos moderadamente, preservando o meio ambiente ao mesmo tempo,
basta seguirmos as normas de reciclagem e reaproveitamento. Essa última ideia
entra na visão dos conservacionistas.
Capitulo II – Os atores e suas
estratégias
I –
Os componentes da estratégia.
Dentro
de toda a questão de extração de recursos, preservação, desenvolvimento e
globalização de mercado, têm-se os “atores” que formam verdadeiros círculos
promovendo uma estratégia para dividir melhor as responsabilidades e os deveres
de tal situação formando uma hierarquia.
Dentro
dos componentes da estratégia, temos, portanto o poder hierarquizado de uma
rede de exploração, essa por sua vez, se liga diretamente com o Estado que visa
buscar a sua “fatia” de lucros na forma de impostos, portanto o Estado entra no
meio dessa rede. Talvez, seja esse o fato de se encontrar dificuldades para
ligar as ideias conservacionistas nessa questão global.
Outro
fator que merece destaque nesse meio, é o da ação do poder de um Estado na
busca por novas fontes de recursos tanto renováveis quanto não renováveis. Dentro
da história da humanidade, podemos encontrar diversos exemplos de disputas e
lutas por territórios com o único objetivo, o de buscar recursos para ampliar a
rede de interesse que visa explorar e gerar riquezas.
II –
O Japão e a transferência de tecnologia.
O
Japão teve sua revolução industrial na metade do século XIX. Esse processo se
iniciou através das transformações das instituições, que acabou sendo também,
uma transferência de tecnologia.
O
Japão a partir dessa época procurou importar as ideias e introduzir uma ciência
e tecnologia que veio emprestada de países mais desenvolvidos. Depois de
dominado essa transferência o Japão busca transmitir todos esses conhecimentos
as redes privadas.
A
partir da Segunda Guerra Mundial, o Japão retrocede e essa metodologia de
desenvolvimento passa a ser ultrapassada. No entanto, para se reerguer foram
escolhidas indústrias que atendessem as necessidades nacionais e usassem apenas
os recursos necessários e, as tecnologias foram novamente transferidas fazendo
com que se encurtasse o período de modernização, acelerando o desenvolvimento
tecnológico.
Portanto
o Japão se desenvolveu grandiosamente fazendo de seu pequeno território, um
grande mundo tecnológico, usando apenas os recursos necessários desenvolvendo
projetos que visam não poluir, que preservam e que geram lucros e sustentos de
forma limpa, fazendo com que o país esteja sempre a frente se reerguendo
rapidamente sobre qualquer contratempo.
III
– As multinacionais e a transferência tecnológica
Como
foi visto no subtítulo anterior, o Japão se tornou um país desenvolvido,
importando ideias e tecnologias aprimorando-as, para aplica-las de acordo com a
sua necessidade colhendo assim, bons frutos.
Outro
setor de poder que usa a metodologia que o Japão usou, são as multinacionais (atualmente
as transacionais) que investem na tecnologia e crescem a cada ano, no entanto,
usam esse benefício para o bem próprio, ou seja, instalam suas empresas em
países subdesenvolvidos, buscando mão de obra barata, gerando assim mais lucros
que abastecem apenas o lugar sede, ou seja, a matriz.
Dentre
essa formação multinacional, existem duas técnicas, a primeira delas recaem
sobre o capital intensivo, e a segunda, acentuam a mão-de-obra intensiva.
Portanto, temos sempre uma geração de interesses que visa aproveitar a
tecnologia e aperfeiçoá-la para interesses privados.
IV –
As estratégias das tecnologias intermediárias.
Aqui
temos o conceito de produzir bastante gastando pouco, lógico que essas
tecnologias não são as de pontas, mas que atendem o básico demonstrando na
“aparência”, certa qualidade. Como exemplo desse contexto, podemos citar os
produtos MADE IN CHINA. Não
queremos aqui denegrir a imagem desse país, mas, como grande parte da população
sabe, a maioria dos produtos que são produzidos nessa linha de produção, possui
como identificação essa origem e, grande parte da população mais instruída
também sabe que, um país tão populoso como a China acaba sendo um prato cheio
para esse tipo de tecnologias, pois, aproveita a mão-de-obra barata em grande
quantidade para a fabricação de produtos com tecnologia intermediária.
Muitos
países alegam que usar essa tecnologia intermediária é a chave para o
desenvolvimento futuro, ou seja, é preciso pagar um “preço” de início para se
ter um lucro avantajado no final.
“O que
é preciso notar na tecnologia intermediária é sobretudo a possibilidade de se
poder desviar das relações de poder dissimétricas com os atores dos países
desenvolvidos. [...] é um caminho possível para se chegar à tecnologia apropriada,
[...]. A Índia foi um dos primeiros países a adotar essa doutrina; a china
também, com inegável sucesso” (RAFFESTIN, 1993, p.249).
O
lado mais obscuro desse cenário é o fato de essas tecnologias, serem grandes
devoradoras de recursos, tanto renováveis como não renováveis, mas, também são
grandes poupadoras de energia, pois usam menos energia fóssil e mais energia
humana. Portanto, “por um lado a balança se equilibra e por outro
desequilibra”.
Capitulo III – Os recursos como armas
políticas.
I –
Quais recursos.
Temos
nesse contexto a ideia de que todos os recursos podem ser instrumentos de
poder, isso porque não existem bens livres e sim, bens que atendem as
necessidades coletivas que nesse caso, são de interesses políticos. O problema
maior é que alguns recursos viram instrumento de poder e passam a ser um grande
alvo, até o momento em que alguém os substitui por algo semelhante ou sintético
mais barato e de igual utilidade, fazendo com que haja um desequilíbrio
comercial no recurso original como cita exemplos o autor da obra que está sendo
utilizada no embasamento desse fichamento.
“A
província do Quebec decidiu nacionalizar a exploração do amianto, matéria cuja
utilidade é indispensável e indiscutível. Até aí, nenhum problema se nenhuma
indústria química chegar a aperfeiçoar um processo que crie um bem de
substituição que não seja mais caro que o amianto e que possua todas as
propriedades dele, colocando em risco o amianto da província, que poderá deixar
de ser um recurso para voltar a ser um mineral de pouca utilidade. A coisa, no
entanto, é mais provável do que se possa pensar” (RAFFESTIN, 1993,
p.251 e 252).
O
que se observa é que existe um grande jogo de interesses por traz de qualquer
recurso que é comercializado que justifica o mesmo, virar um instrumento de
poder, que gera discussões, pesquisas, brigas políticas, guerras e polêmicas,
no entanto quando menos se espera esse recurso passa a ser esquecido, deixando
para traz apenas as cicatrizes de um momento tumultuado.
II –
Os cereais e, em particular o trigo.
Aqui
temos um instrumento de poder potencial e muito eficaz, isso porque os cereais
em particular o trigo oferece um grande poder de sobrevivência em países menos
desenvolvidos sendo, portanto o trigo, um dos cereais que mais viaja no mundo,
isso porque os grandes produtores, não são os maiores consumidores ao contrário
do arroz, onde na maioria, os maiores produtores são também os maiores
consumidores.
A
partir desse ponto, temos uma divisão dos lugares onde o produto é mais
valorizado e nesse caso, entra em disputa e leva a melhor parte quem paga mais,
tornando assim o produto, uma grande moeda de poder. Tendo o produto como moeda
de poder, o país ou o bloco econômico que possui maior condição, compra esse
produto a um preço mais inferior e o revende a um valor mais elevado garantindo
o seu consumo de maneira praticamente gratuita, ou seja, o lucro que obtiveram
sobre o cereal, se “transformou” em produto para consumo interno. No contexto
geral, temos grandes disputas comerciais na questão dos cereais que envolvem
americanos e europeus onde, os dois tentam suprir as demandas de produção, mas,
sabemos que os americanos dispõem das principais reservas cerealistas do mundo.
“Enquanto
os americanos dispuserem das principais reservas, as relações só podem ser
dissimétricas; não porque os americanos sejam mais maquiavélicos que outros,
mas simplesmente porque estarão sempre tentados a utilizar, como outros o
fariam, o monopólio que detêm. Uma tomada de consciência da Europa nesse
domínio pode ser uma maneira de reequilibrar a situação cerealífera” (RAFFESTIN, 1993,
p.257).
Focando
isso, percebe-se de acordo com Claude (1993) que ao longo dos últimos trinta
anos, os Estados Unidos manipularam de fato seus recursos cerealíferos, como
uma arma.
O
autor, no entanto, quer dizer e aponta inclusive as reduções de ajuda a outros
países, racionalizando interesses comerciais entre outros. Isso se deve ao fato
de os americanos protegerem sua política internacional, mas mais ainda,
proteger os interesses de suas companhias privadas no exterior, assim, os
americanos livram as mesmas de qualquer problema que possa surgir usando os
produtos alimentícios como os cereais em especial o trigo, como arma de defesa
no cenário internacional, portanto, qualquer ameaça aos seus interesses
comercias, usam as políticas de sanções, boicotes e reduções promovendo assim a
sua segurança e estabilidade.
III
– Os recursos energéticos.
Em meados da década de 1970, mais precisamente
em 1973 surge um mito no mundo ocidental que aponta a energia fóssil como sendo
algo de baixo custo e, praticamente inesgotável. Essa falsa ideia fez com que o
produto, ficasse desvalorizado, assim, grandes produtores possuíam uma rica
fonte energética de petróleo, mas, de caráter insustentável. Porém, essa
política falsa começou a ser descoberta e os países árabes anunciaram a ameaça
petrolífera que, segundo Raffestin, baixava em 5% da produção se os americanos
não mudassem sua política pró-israelense.
A
partir desses fatores, criaram-se sociedades nacionais que gerenciavam a
produção de petróleo local, desempenhando papel internacional. Assim, os
valores começaram a ser tabelados e a concorrência pelo melhor preço passou a
ser igualitária deixando o valor do produto cada vez mais valioso. Assim, os
países não produtores de petróleo acabavam por oferecer a tecnologia para a
extração do produto em troca de parte do produto a preço de custo, portanto, o
país produtor quase não possuía custos de extração e ainda contava com uma
grande fatura comercial, enriquecendo e sendo atualmente grandes nações
milionárias. Essa interpretação deixa claro que o petróleo se apresenta como um
recurso natural extremamente valioso e cobiçado, que faz com o mesmo seja o
alvo central, se tornando grande e possuindo um estimado valor.
IV –
O cobre e o alumínio
Esses
minerais são muito importantes e, segundo Claude, correspondem a ¾ do consumo
de materiais não ferrosos no mundo, constituindo grandes fontes de poder no mundo.
“[...] as multinacionais americanas são
predominantes: em 1973, elas produziam 56% do cobre mundial, enquanto o consumo
dos Estados Unidos e do Canadá era de somente 35%. Também a Europa e o Japão
são obrigados a se curvar às multinacionais americanas e às sociedades
nacionais dos países produtores para suprir seu déficit²². Nessas condições, os
americanos podem impor sua “lógica” e podem, portanto, manter relações de
poder dissimétricas, conforme as
necessidades do momento” (RAFFESTIN, 1993, p.263 e 264).
Uma
estratégia forte das multinacionais é ter o controle da produção mundial sem
possuir as “minas”, ou seja, de pouco em pouco vão enchendo seu estoque. Esse
exemplo pode ser explicado como a mineração de ferro no Brasil, os mineradores
adquiriram o direito de exploração através da privatização e, exportam o
minério para fora do Brasil enchendo seus depósitos de matéria prima e quando o
Brasil necessita, vendem a um preço muito valioso, dominando o setor.
OBSERVAÇÕES FINAIS
O
autor tenta mostrar ao leitor em suas considerações finais, a análise do poder de
outra uma outra visão, vista ao logo do livro, sempre ilustrando bem cada
exemplo expondo com eles, meios que são capazes de fazer aprender as relações
de poder e encaminhar o leitor a buscar os conceitos para compreendê-los.
É preciso buscar esclarecer bem o significado
de poder para que se possam entender os resultados que são adquiridos quando se
usa o próprio em razão de algo. Assim, pode-se obter um sucesso e ligar o
contexto geral em uma geografia que aborda a geografia política como fator
principal da questão.
“se
tivermos esclarecido que toda relação está sempre marcada pelo poder, teremos
atingido a ideia inicial. Se, além disso, tivermos mostrado que toda geografia
humana, composta por uma infinidade de relações, é em todos os momentos uma geografia
política, então estaremos plenamente realizados” (RAFFESTIN, 1993,
p.267).
Depois
que os objetivos são alcançados se tem a visão global de como funciona o
cenário político dentro da geografia, pois, é ele que determina as várias fazes
do poder. Procura-se sempre dissolver da melhor maneira possível o senso
crítico para se chegar à raiz e as suas ramificações que esclarecem todo o tema
até aqui abordado.
REFERÊNCIA
RAFFESTIN, Claude. Por
uma geografia do poder. Volume 29, São Paulo: Ática, 1993.
Obrigada pela dedicação e disponibilização do fichamento.
ResponderExcluirMuito esclarecedor! Obrigada pela disponibilização do fichamento.
ResponderExcluir