Para Professor Clari Terezinha Hahn
Acadêmicos: Anderson José Bender, Eliane Reichert e Larissa Reiter
A cidadania, o direito à cidade e a geografia escolar: Elementos de geografia para o estudo do espaço urbano
CALLI, Helena Copetti. CASTROGIOVANN, Antônio Carlos. KAERCHER, Nestor André. SCHAEFFER, Neiva Otero. Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. 4º Edição. Porto Alegre. UFRGS, 2003. Pág 81 a 103.
O ensino da geografia contribui para a formação da cidadania por meio da pratica de construção de conhecimentos, habilidades, valores que ampliam a capacidade de crianças e jovens compreenderem o mundo em que vivem e atuam, numa escola organizada como um espaço aberto e vivo de culturas. O exercício da cidadania na sociedade atual requer uma concepção, uma experiência, uma prática, comportamentos hábitos e ações concretas de cidades. A partir do século XIX, toda a sociedade passa a ser organizada em função do especo urbano. Sendo assim a cidade torna-se tema importante a ser trabalhado na escola fundamental, num projeto de formação de cidadania, porem, a escola não é a única instância de formação de concepções e práticas da cidade, habilidades básicas no exercício da cidadania. As praticas de organização e gestão da cidade, os resultados dessas praticas e a própria experiência cotidiana são também formadores de cidadania.
Se a escola assume o tema da cidade e do urbano como conteúdo educativo, ela necessita promover em suas atividades a possibilidade do confronto entre as diferentes imagens de cidade:
“A imagem subjetiva que cada qual forma espontaneamente de seu meio, hão de contribuir para configurar a partir da anterior, uma terceira imagem que é a imagem da cidade a construir, ou seja, uma imagem forjada com materiais de desejo (Bernet, 1997, Pag. 34)”. Pode-se entender, no entanto que, o ser humano é capaz de criar uma cidade imaginária com os mínimos detalhes possíveis e construí-la da maneira exata como imaginada.
O objetivo escolar de formação de cidadania é de responsabilidade de toda a escola, mas a geografia cabe mais especificamente o trabalho com conceitos como o de cidade e organização do estudo nas escolas com referencia a esse tema. Para a organização dos temas de estudo, é preciso explicitar de cidadão e de cidade.
Cidadão
Cidadão é aquele que exerce seu direito a ter direitos, ativa e democraticamente, o que significa exercer seus direitos de inclusive, criar novos direitos e ampliar outros. É no exercício pleno da cidadania que se torna possível transformar direitos formais em direitos reais. A escola pode organizar ações para a formação de cidadania democrática, ativa, com direitos amplos criados e recriados num processo histórico, social, econômico e cultural. O cidadão democrático, ativo, criativo e consciente de seus direitos políticos, sociais, culturais, individuais e territoriais precisa conhecer a cidade, compreende-la com profundidade, decifrar seus símbolos , desenvolver um sentido estético e ético sobre ela, pra que possa lutar e conquistar seus direitos cívicos e sociais e cumprir seus deveres, individual e coletivamente.
Cidade
Compreende-se que a cidade é uma aglomeração de pessoas (habitantes ou viajantes) e de objetos (casas, ruas, prédios). É em função das pessoas e dos objetos que cidade se estrutura e tem uma dinâmica interna. O aprofundamento do estudo da cidade pode ser encaminhado para a preensão de sua dinâmica interna, para o entendimento de alguns de seus elementos básicos, como a produção, a circulação e a moradia.
A produção da cidade refere-se à produção da vida cotidiana das pessoas que nela vivem a atuam, suas atividades e o arranjo espacial decorrentes dessas atividades, e a produção econômica nela realizada, que diz respeito às atividades diretamente produtivas. Entre as atividades da cidade destacam-se as de lazer, de educação, de trabalho e descanso. As atividades produtivas da cidade tendem a ocupar áreas especificas na cidade, fazendo parte da paisagem urbana. Outro elemento da dinâmica interna das cidades é o de circulação de pessoas e objetos (mercadorias). Para que a vida nas cidades possa ocorrer às pessoas precisam circular por sua própria malha, participando, individual e coletivamente, de sua produção e de sua própria vida. Entre os meios de circulação, o transporte, especialmente o transporte coletivo, é atualmente de grande importância na dinâmica das cidades para o desenvolvimento das atividades produtivas ou não.
Outro elemento de extrema importância na configuração interna da cidade é a moradia. As moradias mudam com o tempo, de acordo com diferentes concepções sociais. As unidades de moradia são então de tipos diferentes, vão de mansões luxuosas, ate favelas, ocupações e cortiços.
Deste texto destacaram-se tópicos com mais potencial para a formação de cidadania: a produção, a circulação, e a moradia. São elementos da dinâmica interna da cidade que condicionam e produzem praticas cotidianas dos cidadãos na cidade, podendo orientar a organização de temas de seu estudo na escola sendo um deles: Cidadão e o habitar na cidade.
Cidadão e o habitar na cidade
Esse tema refere-se ao exercício de habitar, de compreender sua lógica e sua historia. O direito de habitar é mais do que morar, é morar bem, freqüentar a cidade, viver com dignidade, ter acesso aos bens da cidade, poder exercer seu modo de vida, ter o direito de produzir cultura, construir identidades.
Cidadão e os lugares da cidade
Esse livro aponta os direitos do cidadão de viver na cidade, de circular por ela, de consumir lugares e de consumir nos lugares usufruindo desses lugares. Ao viver em uma cidade o cidadão circula por seus lugares e constrói uma relação com eles e com essa relação, constrói os próprios lugares e é por eles construído.
O ator diz que o cidadão no seu cotidiano de relação com a cidade ele vai construindo uma geografia e essas relações estão sempre ocorrendo, pois as formas de lugares são expressas pelas paisagens, tem aspectos culturais e subjetivos. Ele identifica que existem dois lugares o privado e o publico.
Acidade pode ser lida e compreendida por meio de seus lugares de manifestação de identidades e de resistência que são as ruas, as praças e os parques são os lugares de acesso de todos os habitantes.
Cidadão e o consumo na/da cidade
O ator relata que a cidade é o lugar do consumo tanto coletivo ou individual. Que no crescimento da cidade não há como fugir do consumo produtivo e econômico, esse que custa dinheiro, seja na produção das necessidades básicas, e das não básicas.
É nesse contexto, ser cidadão é ser consumidor, quem não consome não é cidadão. O consumo é ingrediente da cidadania, ao consumir o individuo constrói sua cidadania. É útil a idéia de articular consumo e cidadania, pois, do ponto de vista dos cidadãos e de sua vida cotidiana, a pratica de consumo é uma das vias concretas de vivenciar o direito à produção social, o direito à inclusão, o direito à participação
Cidadão e ambiente urbanos
O exercício pleno da cidadania significa o direito ao ambiente, de construir esse ambiente sadio, saudáveis, ecologicamente corretos, em todos os lugares incluindo as cidades
Ambiente urbano é o lugar da cidade onde os elementos naturais e sociais estão em relação, e essas implicam nos processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e sociais de transformação do meio natural e construído.
São nas grandes cidades que ocorre os grandes problemas ambientais eles se agravam em virtude de ações, criações e produção dos homens que nelas circulam, vivem, passeiam,trabalham. A cidade é a expressão da relação homem natureza.
Citações
No ensino a Geografia, o tema cidade já vem integrando o conteúdo curricular de nível fundamental seja na 1º fase, com o estudo do bairro e do município, seja na 2º faz, com o estudo do processo de urbanização da sociedade brasileira e mundial e com o estudo do conceito da cidade e dôo espaço urbano. Nos últimos anos, todavia, esse tema tem ganhado relevância nas propostas curriculares, em virtude da preocupação com a vinculação entre os conteúdos sistematizados e os conteúdos de vida cotidiana do aluno e de sua cultura. (Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. Pag. 82 a 83).
A percepção da cidade, pelo caminho da observação de suas paisagens por crianças e jovens, possibilita distinguir os lugares de consumo (restrito ou geral), os lugares interditados, os lugares permitidos. A forma de lugares expressa pelas paisagens tem aspectos culturais e subjetivos: uma dimensão estética, uma dimensão afetiva, que tem a ver com a identificação emocional das pessoas com esses lugares. (Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. Pag. 94).
O consumo é ingrediente da cidadania. Ao consumir, o indivíduo constrói sua cidadania. Mas esse consumo não pode ser entendido apenas do ponto de vista das necessidades individuais e supérfluas, pois ele integra a prática cotidiana da vida também do ponto de vista cultural, material e social. Nesse sentido, é direito do cidadão consumir, usar, usufruir, material e espiritualmente, de sua cidade, de tudo o que ela tem; apreciar seus lugares, ter condições para admirar suas paisagens, seus lugares públicos, compartilhar com outros do consumo desses lugares; além disso, é direito do cidadão consumir na cidade, consumir de fato seus objetos (lojas, supermercados, cinema, museus entre outros). (Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. Pag. 98).
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