Os
autores do artigo apresentam um contexto onde segundo os mesmos Incluir um
aluno com deficiência intelectual é um grande desafio na sociedade atual, entretanto,
o desafio maior está na iniciativa das políticas públicas que devem investir em
infraestrutura para que haja funcionamento melhor para a inclusão.
Dentro
da Educação Especial, encontram-se objetivos similares aos da educação regular.
Os objetivos da
Educação Especial destinada às crianças com deficiências mentais, sensoriais,
motoras ou afetivas são muito similares aos da Educação geral, quer dizer:
possibilitar ao máximo o desenvolvimento individual das aptidões intelectuais,
escolares e sociais. (UNESCO, 1968, p.12 apud
REIS E ROSS 2008, p. 3).
Durante muitos anos, o Brasil realizou
discussões em torno de como realizar o melhor atendimento escolar, tentando
sair da vertente de integração que seleciona
o indivíduo com necessidades especiais, deixando-o um período no ensino
regular e outro em escola especial.
A linha introdutória que serviu de base para
os estudos dos autores, é baseada nas informações da declaração de Salamanca que
aponta e defende a ideia da união educacional, ou seja, todos, especiais ou não
devem aprender juntos.
A linha específica de estudo dos autores Reis
e Ross (2008), foca no processo de ensino-aprendizagem dos alunos que possuem
uma deficiência intelectual onde, o reconhecimento de passividade que aconteceu
somente no século XIX com os estudos do médico Jean Itard ao analisar os
comportamentos do menino Victor de Aveyron que era conhecido como o “menino
selvagem”. Segundo o artigo, “a análise se baseou na teoria empirista que mais
tarde foi complementada com fatores biológicos em detrimento dos fatores
socioambientais que penduraram até os anos cinquenta” Reis e Ross (2008).
A interpretação do texto produzido pelos
autores leva a intender que a deficiência intelectual é entendida como um
atraso no desenvolvimento dos indivíduos, ou seja, o raciocínio, o
comportamento, atitudes e outros demoram ou não se desenvolvem por completo,
dificultando a realização de problemas e de situações do dia-a-dia.
A inclusão desses alunos é o fator essencial
que contribui para que os mesmos tenham uma melhora no seu desenvolvimento e na
sua capacidade intelectual e segundo Reis e Ross (2008). “à escola cabe, porém,
dispor de recursos e procedimentos não uniformes para que os alunos tenham
possibilidades de caminhar além de seus limites”, ou seja, é preciso que a
escola os inclua, adaptando os métodos de ensino e aprendizagem para esta
classe de alunados, mas, é preciso salientar que esse processo deva ser feito
de maneira que envolva o aluno sem usar métodos que o diferenciem dos demais,
para não voltar-se ao patamar da integração ou até mesmo, da inserção.
Os autores apontam no texto, alguns aspectos
negativos dentro do contexto citado no parágrafo anterior. Segundo eles, as
atividades de baixa complexidade e que não foram corretamente adaptadas, faz
com que os alunos com deficiência intelectual sintam-se incapazes, pois,
segundo Reis e Ross (2008) “essas práticas não propiciam seu desenvolvimento
cognitivo, o que faz com que eles desenvolvam baixas expectativas quanto a sua
aprendizagem”. De acordo com a citação, subintende-se que, se este ponto
negativo persistir se está de certa forma excluindo o aluno já que o mesmo vai
ter esse sentimento.
Outro ponto negativo observado no artigo é
quando os professores realizam muitas intervenções, dando a impressão que o
aluno especial é mais incapaz do aparenta ser, fazendo com que estes alunos
sejam mal interpretados, provocado distorções nas análises e nos
encaminhamentos metodológicos e terapêuticos, não contribuindo de forma correta
em seu desenvolvimento.
É visível que os autores nos querem dizer que
não se deve realizar nada diferente entre alunos normais e especiais quando se
referir aos conteúdos.
Ainda
que as crianças mentalmente atrasadas estudem mais prolongadamente, ainda que
aprendam menos que as crianças normais e ainda que, por fim, se lhes ensine de
outro modo, aplicando métodos e procedimentos especiais, adaptados às
características específicas de seu estado, devem estudar o mesmo que as demais
crianças, receber a mesma preparação para a vida futura, para que depois
participem dela em certa medida, como os demais. (VYGOTSKY, 1931ª, p. 149 apud SILVA, 2007, apud REIS E ROSS, 2008, p. 9).
As palavras de Vygotsky citadas anteriormente
contradizem a atual realidade da Educação Especial, pois, os professores
possuem certa resistência em receber alunos especiais, principalmente os que
possuem deficiência intelectual.
Para
que esses fatores negativos não tenham influência na inclusão de alunos, é
necessário que os profissionais da educação obtenham constantemente formações
continuadas que possam permitir o ingresso de novas práticas pedagógicas que
tem por objetivo evoluir o aprendizado dos alunos especiais.
A
adaptação dos currículos básicos, deixando-os mais flexíveis é outra solução
apontada pelos autores que está de certa forma, deixando a Educação Especial
mais adequada. Entretanto, nem sempre essa adaptação e flexibilidade estão
sendo a solução para os problemas.
No
atual sistema educacional, a Educação Especial está se transformando de sistema
segregado, para um conjunto de medidas adaptadas a diversidade dos alunos. Essa
situação gera muitos questionamentos no meio escolar, pois, apresenta,
contradições, expectativas entre outras discussões.
As
adaptações e as medidas tomadas em relação aos alunos especiais acabam mesmo
que indiretamente rotulando estes, pois, ao longo do caminho, muitas avaliações
são realizadas já que para cada deficiência intelectual é preciso analisar uma
forma diferente de trabalho.
Os
autores do artigo, retomam por inúmeras vezes o termo adaptação, e como já foi
visto anteriormente, é o professor que prepara e adapta a aula seguindo o
cronograma normal do conteúdo proposto, em todos os anos em que este se
encontrar. “Portanto, a inclusão de alunos com necessidades especiais na classe
regular implica o desenvolvimento de ações adaptativas, visando à
flexibilização do currículo, para que ele possa ser desenvolvido de maneira
efetiva em sala de aula”. Reis e Ross (2008).
Baseando-se no MEC e na Secretaria
Municipal de Educação do Estado de São Paulo, os autores apontam que a
adaptação curricular é feita em três níveis:
1º
Adaptação no nível do projeto pedagógico.
2º
Adaptações relativas ao currículo da classe.
3º
Adaptações individualizadas do currículo.
Uma vez seguidas às três adaptações
curriculares, é possível realizar uma melhor avaliação dos princípios da
Educação Inclusiva e com isso é possível também, realizar uma melhor avaliação
do aluno incluído, já que é de suma importância avaliá-lo para medir o
desempenho de suas aprendizagens.
A
avaliação de um aluno com necessidades educacionais especiais é muito
importante, pois, a partir da análise dos resultados, focando seu desempenho
nas diversas áreas curriculares, no processo que utiliza para aprender, se
mantém ou generaliza as aprendizagens, poderá ser definido um plano de atuação
que possa além de tornar possível sua participação, possibilitar seu
desenvolvimento. (REIS E ROSS, 2008, p. 17)
Analisando o trecho descrito pelos autores e
os processos de avaliação que envolve a Educação Especial é possível perceber
que se pode ter inúmeras visões sobre o alunado que envolve a Educação Especial
percebendo os sucessos e os fracassos entendendo onde e como o trabalho foi bem
feito. Entretanto, se esta avaliação não for realizada de maneira correta, ou
seja, se esta não promover a aprendizagem, este aluno irá estar excluído do
sistema avaliativo e da inclusão.
Toda a avaliação deve envolver: direção,
coordenação, o especializado e família.
Segundo Reis e Ross (2008), “uma avaliação é
caracterizada também pelo fato de que as decisões de ordem social (habitação,
aprovação, titulação), que são tomadas a partir dos resultados da avaliação,
mantenham a maior coerência com a função predominantemente pedagógica que se
deve cumprir”.
Por mais que os autores falam das maneiras de
avaliação, o que se percebe é que avaliar um aluno especial é uma tarefa muito
difícil já que além de seguir fielmente com os critérios dos projetos ou o
programa de ensino, cada aluno principalmente os com deficiência intelectual,
possuem complexidades diferentes e é preciso identifica-las. Vale ainda
salientar que de acordo com os autores “não se pode confundir avaliação com
medida”.
O artigo resenhado conclui seus dizeres
fazendo um patamar geral dos conceitos de inclusão definindo que a educação não
pode ignorar o que está ao seu redor, devendo sempre propor políticas claras
coerentes e fundamentadas em relações sociais. Mesmo sabendo que a inclusão
ainda encontra muitas barreiras, Reis e Ross (2008) reforçam que o que já se
iniciou e o que ainda se iniciará em favor da inclusão, deverá sempre
contribuir de forma aberta e dedicada para ter-se uma inclusão digna,
valorizando, investindo, dando uma melhor formação aos professores entre outros
fatores que venham para somar.
REIS, Rosangela
Leonel dos; ROSS, Paulo Ricardo. A
inclusão do aluno com deficiência intelectual no Ensino Regular. UFPR.
2008.