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sábado, 12 de fevereiro de 2011

Resumo Geografia Discurso da Natureza

UNIGUAÇU – UNIÃO DE ENSINO SUPERIOR DO IGUAÇU LTDA.
FAESI – FACULDADE DE ENSINO SUPERIO DE SÃO MIGUEL DO IGUAÇU
ISE – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO
CURSO DE GEOGRAFIA PRIMEIRO PERIODO
Evolução do Pensamento Geográfico


RESUMO GEOGRAFIA DISCURSO DA NATUREZA



ANDERSON BENDER, AIRTON SOARES, ELIANE REICHERT, LARISSA REITER, RICARDO LIMBERGER E RICARDO MARASCA



Trabalho de graduação apresentado a disciplina Evolução do Pensamento Geográfico do Instituto de Ensino Superior da Faculdade de Ensino Superior de São Miguel do Iguaçu, sob orientação do Professor: Dr. Mario Zasso Marin.





SÃO MIGUEL DO IGUAÇU
2010



INTRODUÇÃO

Esse trabalho objetiva discutir as matrizes históricas da fundação da Geografia como ciência até a década de 1970. Consideramos que a missão da Geografia amplia-se, deixando de ser somente uma disciplina que descreve e explica o espaço nele mesmo, o que limitava o elenco de temas e passa a ser uma área do saber que produz um discurso geográfico sobre a sociedade. Pretendemos refletir sobre o ensino da Geografia no contexto escolar brasileiro, a influência da escola geográfica francesa e a sua atual matriz materialista.




GEOGRAFIA: DISCURSO DA NATUREZA OU APROPRIAÇÃO POLÍTICA DO ESPAÇO HUMANO?

            A Geografia quase sempre foi definida como a ciência responsável pela descrição da Terra, a Geografia “nasceu” colada, de um lado, às lutas democráticas que se desenrolaram nas cidades gregas e atravessaram praticamente toda a sua história e, de outro lado, aos interesses dos mercadores, que impuseram aos gregos o mar mediterrâneo como rota principal de deslocamento.
            Esta ciência evolui sobre duas vertentes. Da primeira obra que brotou das lutas democráticas e vira as soluções dos problemas do homem como ato político, coletivo e totalizante. Da segunda, sobretudo na forma de relatos de povos, terras e mapas, feitos para servir ao comércio e ao Estado.
“A Geografia, como a história e como o teatro, é conhecimento diluído na filosofia, que é uma reflexão colada à prática da vida e, por isto, referenciada pelo conhecimento.”
            Após o século XIX, na Alemanha, estabeleceram-se pela primeira vez os princípios científicos da Geografia, ela passou a ser vista como uma ciência, o que permitiu que passasse a ter uma cátedra universitária.
            Ainda no século XIX, em oposição a ela, desenvolveu-se a escola francesa, também chamada de possibilista, já que defendia a idéia de que o homem era capaz de transformar o meio ambiente. Durante o século XX, inúmeras outras correntes geográficas se desenvolveram. Na década de 1950, nasceu, nos Estados Unidos, a New Geography, conhecida como Geografia Quantitativa ou Teorética. Serviu para análise e dominação do espaço e foi utilizada como instrumento de apoio para o expansionismo norte-americano. Paralelamente ao desenvolvimento da New Geography, desenvolveu-se a Geografia Nova ou Marginal, analisava os sistemas econômicos (socialismo e capitalismo) e as relações de dominação e subordinação (desenvolvimento e subdesenvolvimento).
Na década de 1970, a “Nova Geografia” entra em crise, revelando o que
Meritoriamente conseguira esconder, trata-se de uma reação à suposta neutralidade científica dessa ciência, enfatizada pela geografia teorético quantitativa, que surgiu simultaneamente nos Estados Unidos e na Europa. A nova corrente geográfica será denominada de neomarxista e irá demonstrar que os conhecimentos, informações, mapas que foram sempre utilizados pelo poder político econômico a fim de manipular e dominar. Pretende deixar claro que o espaço geográfico só poderá ser compreendido em suas estruturas e processos, a partir do momento em que for considerado como um produto social, um produto do modo de produção dominante na sociedade.
              A Geografia alemã (determinista), a Geografia regional francesa (possibilista) e a Nova Geografia foram às três vertentes que consolidaram a geografia brasileira antes da revolução ocorrida na mesma, a partir de 1960, e que tumultuou os debates e as questões que preocupavam os geógrafos do país.

 O ensino da Geografia na tradição escolar brasileira
   No Brasil, a Geografia foi institucionalizada muito tarde, na década de 1930, sendo ensinada nas Universidades e praticada no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, nas universidades, ensinava-se a geografia da escola francesa que encaravam o mundo tropical apenas como uma área de exploração. Por isto, alguns geógrafos franceses, como Pierre Mombeig,Pierre Deffontaines, Francis Ruellan, Jean Tricart e Michel Rochefort, se identificaram de tal forma com a problemática brasileira que venceram as raízes de sua formação lablachiana e deram uma contribuição positiva a geografia brasileira.
              Durante o período autoritário (1964-1985), verificou-se uma tentativa de rompimento com a Geografia clássica por parte de estudiosos brasileiros que, consciente ou inconscientemente comprometidos com o modelo autoritário, defendiam o crescimento econômico acompanhado de uma melhor distribuição de renda no país. Tratava-se de uma Geografia que, para beneficiar o grande capital, naquele momento em grande fluxo para o Brasil, fechava os olhos à dilapidação dos recursos naturais e degradação do meio ambiente. Era também a oportunidade de os geógrafos aproximarem-se do poder, obtendo grandes vantagens com esta aproximação.
   A crise econômica internacional com forte repercussão no Brasil provocou o descrédito desta Geografia importada do exterior, que trouxe novamente o problema
do geógrafo com o país e a sociedade em que vive.
   O modelo desenvolvimentista adotado pela ditadura militar começou a ser questionado por vários segmentos da sociedade.
            A dívida externa aumentava rapidamente e, aos poucos, o modelo econômico projetado pelos militares foi desacelerando, o que significa dizer que as taxas de desemprego aumentavam e a recessão se instalava no país.
   A crise econômica chegava aos lares das famílias brasileiras e também dentro das escolas. Quanto maior a crise econômica, maior a recessão e debates acalorados nas escolas de ensino médio e nas universidades, a Geografia tradicional, que apenas descrevia a natureza, não conseguia responder os questionamentos dos alunos e dos professores. Era chegada a hora da mudança do enfoque físico para o geopolítico

O alvorecer da Geopolítica

 A publicação da obra “A geografia – isso serve em primeiro lugar, para fazer a guerra”, em Paris, por Lacoste foi um marco para o aparecimento e o crescimento de uma nova frente geográfica denominada Geopolítica. No Brasil, influenciou vários geógrafos. As obras e autores do Brasil realizam uma analise da apropriação do espaço geográfico a partir de uma visão sócio-política e econômica, ou seja, a partir de ações humanas, dos interesses das grandes transnacionais, dos Estados, dos grandes grupos econômicos, analises das políticas externas dos paises econômica e militarmente mais desenvolvidos.
 A partir das relações entre os Estados e entre as transnacionais, os interesses econômicos e o desenvolvimento de uma sociedade de consumo extremada que visa apenas o lucro, não se importando em preservar os recursos naturais. A dregadação dos recursos hídricos, minerais, das florestas, a poluição da atmostefa, o efeito estufa, enfim, trazem à tona as conseqüências impostas por um modelo econômico, em grande parte esgotada.
 Esta nova linha geográfica volta a colocar a espécie humana como principal agente histórico de transformação do espaço geográfico, mudando o foca das analises geográficas, que, no inicio, analisavam a Geografia apenas como uma ciência da natureza e que agora querem trata - lá como uma ciência social.
 Milton Santos argumenta que é necessário discutir o espaço social, e ver a produção do espaço como objeto. Diz que se deve ver o espaço como um campo de força, que cuja energia é a dinâmica social. Que ele é um fato social, num produto da ação humana, uma natureza socializada que pode ser explicável pela produção.
 O geógrafo enfatiza que toda atividade produtiva dos homens implica numa ação a superfície terrestre. Afirma que a organização do espaço é determinada pela tecnologia, pela cultura e pela organização social da sociedade, que a empregam.

A Geografia renovada: o espaço geográfico como um componente social

 Para Oliva, o aspecto chave da renovação, que não pode mais ser ignorado, diz respeito á “nova” localização do espaço geográfico é interior á sociedade, e não uma exterioridade que é como ele era tratado. A missão da Geografia amplia-se deixando de ser somente uma disciplina que descreve e explica o espaço que nele mesmo – o que limitava o elenco de temas – e passa a ser a área do saber que produz um discurso geográfico sobre a sociedade em geral. A cultura, o consumo, as tecnologias e outros setores, que normalmente eram abortados em outras disciplinas.
 Oliva faz considerações de que as sociedades são coletivos humanos, que, como determinadas regras, entram numa sociedade como a nossa.
 O autor também afirma que, ao longo da história humana, as sociedades vêm moldando o espaço para gerir a distancia geográfica, de dois modos básicos: eliminando e/ou transpondo as distancias e essa é a essência da organização espacial.
 A Geografia pode se constituir numa poderosa e renovadora perspectiva critica de nosso tempo. A Geografia organiza um repertorio teórico, que muda sua linguagem e sua importância, não só na área de produção cientifica quanto no mundo escolar – tanto no Ensino Fundamental, no Ensino Médio, quanto em nível universitário.
 
A necessidade do materialismo histórico-dialético como método geográfico de analise

 O materialismo histórico-dialético trabalha com sucessivos e interpenetraram procedimentos de abstração e concreção, isto é, caminhada da experiência para o abstrato, e deste ascende para o concreto.
            A explicação global flui não da exaustão da analise e do esgotamento dos dados do real. Para o marxismo os processos reais são múltiplos e para se chegar e essência de seu movimento, na expressão de Marx, “O concreto é a síntese de múltiplas determinações, é a unidade do diverso”.
 O materialismo histórico-dialético, estudos específicos de objetos, que possuam uma identidade própria e que se manifestam no real como no especifico. A especificidade da Geografia para o pensamento tradicional sempre se apoiou em grande medida, na propalada tese da unidade de conhecimento geográfico.
 O materialismo histórico e dialético diferencia, de modo explicito o estudo da sociedade do estudo da natureza.
 A Geografia tradicional sempre conviveu com o dualismo entre Geografia Humana e Geografia Física. No quadro do pensamento tradicional, a proposta “determinista”, aparece como a mais coerente ”solução”, a proposta regional como a mais difundida. Esta, por ver a região como uma síntese de aspectos naturais e sociais, redige, a analise geográfica á realidade considerada.

Considerações finais

            A Geografia como ciência da sociedade, devera ser um segmento específico da realidade social. Ela discutira processos sociais e aos fenômenos da natureza. Sua ótica estará bem centrada no movimento da sociedade, se tornamos a Geografia como ciência da natureza estaria no estudo da ecologia do homem, isto é, na analise da natureza do homem, visto enquanto animal que também sofre mecanismo de adaptação ao ambiente.
 Vêem-se dos caminhos para a construção do novo saber geográfico. Quando se assume a Geografia como ciência social, o materialismo histórico-dialético passa a nos fornecer um numero maior de subsídios para prosseguir o trabalho.




CONCLUSÃO


Diante aos fundamentos descritos até aqui, podemos perceber que se tomarmos a Geografia como ciência da sociedade, seu objeto deverá ser um segmento específico da realidade social. Sendo assim, ela discutirá processos sociais e os fenômenos da natureza interessar-lhe-ão apenas enquanto recursos para a vida humana, não se debruçando sobre os processos naturais em si e somente a natureza para o homem. Sua ótica estará bem centrada no movimento da sociedade, dessa forma, seus instrumentos de pesquisa serão parecidos com os das demais ciências humanas. Por outro lado, se tomarmos a Geografia como ciência da natureza, seu limite na apreensão dos fenômenos humanos estaria no estudo da ecologia do homem, isto é, na análise da natureza do homem, visto enquanto animal que também sofre mecanismos de adaptação ao ambiente. A dinâmica própria dos fenômenos sociais seria, então, inapreensível para essa Geografia natural; quando muito, poderia ser discutido o resultado (apenas o resultado) da ação humana na realidade ambiental do planeta, sendo assim, estranho. Vêem-se dois caminhos para a construção do novo saber geográfico, ambos passíveis de gerar pesquisas de alta relevância social e de elevado interesse científico. Quando se assume a Geografia como ciência social, o materialismo histórico-dialético passa a nos fornecer um número muito maior de subsídios para prosseguir o trabalho. Como foi dito, este método substantiva-se numa teoria social, e esta, enquanto tal passa a interessar diretamente à construção do objeto geográfico; desse modo consideramos que a missão da Geografia ampliasse, deixando de ser somente uma disciplina que descreve e explica o espaço nele mesmo - o que limitava o elenco de seus temas e análises - e passa a ser uma área do saber que produz um discurso geográfico sobre a sociedade, que sempre implica o político.




REFERÊNCIAS


ANDRADE, M.l C. Caminhos e Descaminhos da Geografia. Campinas. Editora Papirus. 1989.

HAESBAERT, R. Blocos Internacionais de poder. São Paulo. Editora Contexto. 1990.

LACOST, Y. A Geografia - isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Campinas. Editora Papirus, 1988.

MAGNOLI, D. O que é Geopolítica. São Paulo. Editora Brasiliense. 1986.

MORAES, A. C. R. Geografia – Pequena História Crítica. São Paulo  Editora Hucitec. 1987.

MOREIRA, R. O que é Geografia. São Paulo. Editora Brasiliense. 1981.

OLIC, N. B. Geopolítica da América Latina. São Paulo. Editora Moderna. 1992. São Paulo.

OLIVA, J.; GIANSANTI, R. Temas da Geografia do Brasil. São Paulo. Atual Editora. 1999.

QUAINI, M. Marxismo e Geografia. Rio de Janeiro.  Editora Paz e Terra. 1979. Rio de Janeiro.

SANTOS, M. Por uma Geografia Nova. Editora Hucitec. 2ª edição. São Paulo.  1980.

SCALZARETTO, R. Como Estudar Geografia. São Paulo.  Editora Anglo. São Paulo, 1994.

VESENTINI, J. W. Imperialismo e Geopolítica Global. Campinas Editora Papirus. 1987.

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